terça-feira, 25 de agosto de 2009

Antigüidade Clássica


Grécia
Origem ritual do Teatro
Festivais cívicos

O teatro ocidental tem sua origem no teatro grego que surgiu através dos ritos em honra de Dionísio, o Deus do Vinho. Nas festas, Dionísio era personificado na forma um bode, os gregos se fantasiavam com roupas de pele de cabra e folhas de parreira na cabeça, e andavam pelos campos em procissões e cânticos em honra de Dionísio.
Nos ritos que eram realizados na cidade, usavam-se ricas indumentárias e as procissões tinham uma característica mais séria.
A origem do nome Tragédia vem desses ritos: a palavra tragédia vem da palavra grega “tragóide”, que significa o canto do bode. Nos primeiros tempos o elemento dominante ainda era o canto e a dança do coro. O ditirambo era o hino cantado e dançado em rituais na embriaguez do vinho, durante as comemorações do deus Dionísio que sempre tinham um aspecto cívico religioso.
A Catarse ou purgação era provocada pela tragédia que, segundo Aristóteles, purificava a alma das paixões sufocantes, através de uma identificação com os personagens, seus conflitos, vícios e paixões, em luta com as forças do destino, que em geral levavam o herói à capitulação ou à morte, infundindo no público terror e piedade.
Aristóteles, na “Poética”, exige que o herói trágico não seja inteiramente bom, nem completamente mau, para que seu fim inspire nos espectadores o terror e piedade.
A Música era considerada “o mais importante dos ornatos da tragédia”. O canto (melopéia / melopolia) está na raiz da tragédia, que surgiu dos ritos que simbolizavam a morte e o renascimento do deus Dionísio.
O canto coral (Ditirambo), a dança e a poesia representada formaram a tragédia já com a forma que conhecemos hoje.
As tragédias primitivas tinham uma grande participação do coro, no diálogo e nos comentários, como no caso de “As suplicantes” de Ésquilo. Depois, como no caso de Sófocles, o coro passou a ter também o papel de “um espectador ideal”, transmitindo aos personagens as reações, que na opinião do dramaturgo, seriam provocadas no público durante o desenrolar da peça.
A tragédia é constituída de uma parte falada que é feita pelos atores e uma parte cantada que é feita pelo coro. A primeira cena falada constituía o “prólogos”, a ação principal era dividida em partes chamadas “episódios”, e a última cena era o “êxodos”. O canto de entrada do coro era o “párodos”. Muitas vezes o coro participava do diálogo, seja através de seu porta-voz (o corifeu), seja em conjunto, cantando e contracenando com os atores. A tragédia apresenta uma fusão harmoniosa dos elementos lírico e dramático. A parte cantada podia ser feita pelo coro, pelos atores ou pelos atores e coro em conjunto. A parte cantada pelos atores podia se apresentar na forma de solo ou de duetos.

Téspis: O 1º Ator

Nos primeiros tempos só havia o canto coletivo e a dança do coro, até que um dia alguém se destacou do povo, tomou a frente e falou dialogando com a multidão, personificando (incorporando como personagem) o Deus Dionísio.
Chamava-se Téspis de Icária, o primeiro a se destacar do coro e se dirigir à multidão interpretando um personagem (o Deus Dionísio). Surgiu assim a figura do 1o. ator que era acompanhado pelos coreutas.
Téspis viajava com um carro (Carro de Téspis) levando o teatro pelas cidades da Grécia.
A base para essas representações era “Os Cantos” de Homero que narravam as histórias mitológicas de deuses, semideuses e heróis gregos.
As peças, que chegaram até nós, já são de uma época em que o teatro grego já estava emancipado dessas origens, já era custeado pelo Estado e apresentava-se em Festivais Cívico/Religiosos. Os festivais duravam 5 dias. Os autores concorriam aos prêmios com uma trilogia (três peças encadeadas formando uma unidade), e um drama satírico, que era uma peça mais leve que tinha a função de dar um descanso ao público logo após assistir as tragédias. O 1o. Festival Dionisíaco foi realizado em 535 a.C. e Téspis foi o vencedor.
No começo, os prêmios eram cestos de figos e cabras, e só mais tarde começaram prêmios em dinheiro.
Havia grandes teatros ao ar livre, em forma de arco, com sólida estrutura e extraordinária acústica. O culto ao Deus Dionísio foi mantido nos festivais e antes do espetáculo, sua estátua era carregada pelas ruas da cidade até o teatro.


Elementos do ambiente e vestimentas:

O primeiro teatro grego foi construído num terreno consagrado a Dionísio na encosta sudoeste da Acrópole em Atenas.
O teatro Dionísio tinha capacidade para 30.000 espectadores, sentados em arquibancadas semicirculares, escavadas na rocha das encostas da Acrópole de Atenas. Esse extenso arco era fechado por uma longa reta (a Skene), onde ficavam os vestiários dos atores e coreutas e os objetos que eram introduzidos em cena. Na parte central da Skene havia uma plataforma que era o palco propriamente dito (Logeion: Lugar de falar). O palco era estreito e elevado, mais de 3 metros do solo e o acesso era feito por rampas laterais. Acima do palco havia uma plataforma que era usada para as aparições dos deuses.
O coro ficava em baixo, numa depressão no centro do teatro, entre o público e o palco. O coro evoluía em torno do altar do Deus Dionísio (thymele) que era colocado no centro.
Devido às grandes proporções do teatro, e à grande distância entre atores e público, a voz era muito importante no teatro grego. A “arte do ator” era considerada como o modo de adaptar a voz à expressão das distintas paixões.
Vestimentas: Para tornar o ator mais visível usavam-se amplas túnicas e grandes máscaras de cartão, trapo ou terra cozida com dispositivos especiais adaptados à abertura da boca para dar ressonância à voz. Os sapatos, chamadas coturnos, eram plataformas de madeira muito altas para aumentar a figura do ator, ao representar os grandes heróis.
A vestimenta era a roupagem tradicional dos festivais dionisíacos, longas túnicas brilhantes, que aumentavam a majestade dos atores quando eram solenemente arrastadas, todos os movimentos ostentavam a dignidade conveniente a heróis, semideuses e deuses.
A iluminação era feita através da luz de tochas.

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