sábado, 26 de setembro de 2009

Décadas de 30 e 40


A década de 30 se inicia com a ascensão de Vargas ao poder e são marcantes no teatro. As companhias estáveis estão se organizando em torno de atores de forte comunicação popular. Os atores são bons, a dramaturgia da época é pobre. Joracy Camargo foi o primeiro a ter a percepção de que era necessário abrir caminhos novos e trazer para a cena o debate de problemas antes inabordáveis. O seu teatro é um veículo de propaganda ou defesa de uma tese social. É um teatro de idéias. A ação dramática gira em torno da crítica da sociedade burguesa. A peça Deus lhe Pague, estrondoso sucesso de interpretação de Procópio Ferreira, estreou em 1932 e chegou a ser proibida por algum tempo como subversiva; só com muito esforço foi liberada. Enfim com essa peça de Joracy Camargo inicia-se a modernização da dramaturgia nacional.
Frutos tardios do modernismo surgem nessa década: Bailado de Deus Morto de Flávio de Carvalho (1933), O Rei da Vela (1933), O Homem e o Cavalo (1934) e a Morta (1937), três obras do modernista Oswald de Andrade. Essas quatro peças foram impedidas de serem encenadas pela censura vigente no governo ditatorial de Vargas. Trinta e quatro anos depois (1967), José Celso Martinez Corrêa encenou o Rei da Vela, no Teatro Oficina, com magnifica interpretação de Renato Borghi. Em 1936 organiza-se em São Paulo um grupo de teatro amador que encena no Teatro Municipal a peça Noite de São João e em 1938 o drama A Casa Assombrada escrita e dirigida por Alfredo Mesquita que também estreiou no Teatro Municipal de São Paulo.
Em 1938, Paschoal Carlos Magno, com um grupo de jovens não profissionais, funda no Rio de Janeiro o Teatro do Estudante do Brasil. Seu repertório era Shakeaspereano (Romeu e Julieta, Hamlet); dele sairam grandes atores, entre os quais Sérgio Cardoso. Durante o Estado Novo (1937-1945) a ditadura de Vargas procurou sufocar o teatro, que, entretanto vai sobreviver graças ao Teatro de Revista que vive a sua fase maior de sucesso explorando e divulgando ao máximo a ideologia populista.
Em 1941, no Rio de Janeiro forma-se um grupo teatral, Os Comediantes. Em São Paulo em 1942 o grupo de teatro amador de Alfredo Mesquita passa a constituir o GTE (Grupo Teatro Experimental). Em 1946 é formado o Grupo Universitário de Teatro, o GUT, de Décio de Almeida Prado. Os Comediantes através da direção do polonês Ziembinski, formado na escola expressionista européia, transforma-se em grupo pioneiro do teatro moderno, principalmente quanto à montagem de cenários e de peças. Toda a importância do intérprete principal transfere-se para o encenador que anteriormente nem existia. Parte do incomparável sucesso de Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues, fica para a encenação, a outra parte pertence ao dramaturgo que rasga a superfície da consciência para apreender os processos do subconsciente usando o lema de Artaud “O teatro foi feito para abrir coletivamente os abcessos”. Esse é o lema do chamado teatro da crueldade. Em 1948 surge em São Paulo o Teatro Brasileiro de Comédia, o TBC que em 11 de Outubro de 1948 estréia a peça A Voz Humana de Jean Cocteau e A Mulher do Próximo de Abílio Pereira de Almeida.

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