terça-feira, 20 de outubro de 2009
Grupo Mamulengo Alegria - O Casamento de Chiquinha Muito Prazer
Espetáculo:
O Casamento de Chiquinha Muito Prazer", com o grupo Mamulengo Alegria. A peça mostra o amor dos personagens e a aventura deles a caminho do altar. Tudo sairia muito bem se o pai da noiva, o coronel João Redondo, que manda e desmanda na região, não fosse contra a união. Mas, para ajudar o casal, o primo de Chiquinha resolve agir e salvar este matrimônio.
O Artista:
Josias Wanzeller da Silva, brasiliense, filho de pais capixabas e que aparentemente não tem ligação alguma com a região nordeste, no entanto, revela uma faceta típica da cultura dessa região: o mamulengo. Esse é um dos talentos do servidor da Secretaria Especial de Editoração e Publicações, que há dez anos faz rir crianças e adultos com o seu "Mamulengo Alegria", companhia de teatro de bonecos.
O mamulengo, conta-se, tem origem européia, ainda da Idade Média quando a Igreja Católica usava marionetes para difundir seus preceitos. A teatralização nessa época foi chamada Presépio. No Brasil, a arte da "brincadeira", como os mamulengueiros chamam o espetáculo, tem raiz forte em Pernambuco, de onde se tem conhecimento, saíram os grandes mestres: Zé Divino, Zé Lopes, Galego.
Os bonecos, geralmente são feitos pelos próprios bonequeiros que, mesmo sem possuírem boas condições financeiras, perpetuam o mamulengo passando-o de pai para filho. No caso de Josias, a paixão pelo teatro de bonecos e o exercício da arte vieram de forma diferente. Aprendeu o ofício na faculdade particular (Faculdade Brasileira de Teatro Dulcina de Moraes) e não possui ligação familiar com nenhum mamulengueiro. Mas nem por isso as apresentações do servidor deixam a desejar. "Cultura popular não é tecnicamente o que se chama de folclore, é algo que está sempre em movimento", justifica usando palavras do cineasta Glauber Rocha, já que a arte de Josias é carregada de herança cultural, mas com pitadas de inovações de sua própria realidade.
O servidor ainda se diferencia do tradicional porque faz sozinho o trabalho todo: além de escrever e dirigir os textos das apresentações, manipula os "personagens" e faz até o controle da trilha sonora com os pés. Contudo, apesar de tanta habilidade, só tem um boneco feito por ele mesmo. "Deixo para um artista muito talentoso, o Moisés Bento, fazer. É um jeito de ajudá-lo também!", explica Josias que, nessa hora, lembra da dificuldade da vida dos mamulengueiros. "Eles vivem como todos os mestres da cultura popular brasileira e como a maioria de nossa população, isto é, com muitas dificuldades financeiras, mas nem por isso esquecem o oficio de brincar", defende.
Josias acaba de voltar de um festival internacional em Santiago, no Chile, do qual participaram também artistas da Bolívia, Peru, Argentina e Colômbia. Segundo ele, o festival, apresentado para comunidades pobres da região, foi uma mostra da história e da cultura de cada país e, apesar de pequeno e simples, tornou-se engrandecedor, pois lhe possibilitou conhecer técnicas e bonequeiros de outros países. E o artista vem sendo solicitado em outros eventos, mas faltam tempo e respaldo financeiro para tantas solicitações: "Tenho convites para participar de vários festivais internacionais, mas não tenho como arcar com todas as despesas aéreas e ausentar-me do Senado", lamenta.
Dentro do Senado, Josias e seus bonecos se exibiram na Semana de Valorização da Pessoa com Deficiência e nas comemorações dos 10 anos do Instituto Legislativo Brasileiro e do Conselho Editorial. Além disso, integrou a comissão do livro onde apresentou seu mamulengo no stand do Senado Federal em várias feiras e bienais de livros por todo Brasil. Uma das brincadeiras mais conhecidas da Companhia de Josias trata-se do "Casamento de Chiquinha Muito Prazer, filha do Coronel João Redondo com Tião Sem Sorte". Na trama, Chiquinha e Tião se apaixonam, mas o pai da moça, homem que manda e desmanda na cidade, é contra o casório porque o moço não tem dinheiro. E no decorrer da história, acontecem coisas inusitadas e fantásticas que viram tudo de pernas para o ar como, por exemplo, personagens que acabam engolidos por uma cobra que apareceu sem ser convidada.
E além da paixão pelos bonecos, o servidor que é artista plástico e pós-graduado em Arte e Educação pela Faculdade de Educação da UnB, não esconde seu interesse pela restauração de livros. O volume publicado pelo Conselho Editorial do Senado As aventuras de Nhô Quim & Zé Caipora os primeiros quadrinhos brasileiros, foi premiado pela HQMix - troféu para as melhores produções de quadrinhos, humor gráfico, animação e assemelhados. Atualmente, trabalha na restauração da revista O Tico-Tico, que este ano completou um centenário.
Outro projeto em que trabalha, desta vez pessoal e também ligado ao mamulengo, é a produção de um vídeo sobre Chico de Daniel, tido como o maior mamulengueiro da história do Rio Grande do Norte e um dos melhores do País. O bonequeiro faleceu este ano, segundo o servidor "por descaso do sistema de saúde pública local" enquanto aguardava por uma cirurgia. O vídeo é mais uma forma do artista Josias Wanzeller da Silva homenagear esse mestre e mostrar as belezas do ofício de mamulengueiro.
Agenda:
24/10 – Sábado
Mamulengo Alegria (DF) – "O Casamento de Chiquinha Muito Prazer"- Parque Infantil Setor Oeste às 10:00 e 16:00.
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